cantares

Bolhão

Ó Bolhão, Bolhão!
Que vida é a tua?

Se é pra vender
ó trim tim tim
vem lutar pra rua!
Ó Bolhão, Bolhão!
Que vida é a tua?
É pra preservar
ó trim tim tim

Ninguém o destrua.
Ó Bolhão, Bolhão!
Que vida é a tua?
Não é do Rui Rio
ó trim tim tim
é minha e é tua.

Ó Bolhão, Bolhão!
A alma do Porto
Centro Comercial

ó trim tim tim
é um Mercado Morto!



Canto ao Bolhão

OH MERCADO DO BOLHÃO, ) bis
ÀGUA O DEU DO CHÃO P’RA FORA )-
E NENHUM RIO PARVALHÃO )
TE HÁ-DE ARRUINAR AGORA ) -bis

I
Dizem que é o progresso
Que é grande evolução
Isto é mas é retrocesso )
E cega destruição ) -bis

II
Aqui a invicta cidade
Nunca passou tantos perigos
Cuidado! O Rio ‘inda há-de )
Vender a torre dos Clérigos ) -bis

III
Bolhão –mercado do povo
Dos pregões e vendedeiras!
Não mais um shopping novo )
Sem couves, tripas(*1) e alheiras ) -bis

IV
Bolhão das bancas abertas
E dos pregões convincentes
Grandes ganâncias despertas )
Aos tai$ que afiam os dentes ) -bis

V
E se eles afiam os dentes
É por causa salafrária
Que lhes põe as mãos tão quentes? )
Espéculação imobiliária! ) -bis

VI
Em vez do Bolhão do povo
Na baixa e zona central
Quer a Câmara um centro novo )
De lixo multinacional ) -bis

VII
E em vez das vendedeiras
E das pequenas lojinhas
Serão só” butiques” cheias )
De mil inúteis merdinhas ) -bis

VIII
Mas cá a gente do burgo
Que se impôs pelo Coliseu
VAI É MANDAR PASTAR O BURRO )
DO RIO PR’A LÁ DE VISEU (*2) ) -bis

IX
E este marco do Porto
Não deixemos destruir
O Bolhão não será morto )
Se nos soubermos unir! ) -bis

Zérpa –Jan.2008



Era uma vez um mercado
na Baixa bem situado
por antigos construído

Era local de conversas
comércio e trocas diversas
de pregões e alarido

Era sítio frequentado
por pobre ou remediado
por rico ou por meliante

E era natureza sua
o ser da gente da rua
o ser sítio cativante

Mas um dia os cifrões
mais gordos que os corações
para o mercado olharam

E um bando de bandalhos
torceram a rama aos alhos
e seu reino cobiçaram

Como precisava de obras
os cifrões viraram cobras
e o mercado sua presa

Decidiram em segredo
semear veneno e medo
para não haver defesa

Uma vez delineado
novo rumo p'ró mercado
marcaram demolição

Porém o povo tripeiro
tem afecto verdadeiro
pelo seu velho Bolhão...

Ponha aqui o seu pezinho
ó vizinha, ó vizinho
que nos roubam o mercado
Meta os butes ao caminho
venha mostrar o focinho
e mostrar seu desagrado

Já temos shoppings a mais
e outras lojas que tais
preferimos o Bolhão

Agora arrebenta a bolha
e há que fazer a folha
a quem quer demolição

Ó talhantes, ó peixeiras,
floristas e vendeiras
de hortaliça e de fruta

Aqui viemos dizer
que o nosso querer é poder
abaixo os filhos da puta

Nada somos separados
mas juntos somos danados
e já cresce o furacão

Não baixaremos os braços
fortes são os velhos laços
que nos ligam ao Bolhão

Esta casa que habitais
por peritos especiais
até foi classificada

Património construído
pela lei é protegido
em terra civilizada

Mas as pedras sem as gentes
são como chão sem sementes
nada criam nada falam

Se há malta que não se sente
filha é de fraca gente
gritai pois o que eles calam

Convosco faremos frente
à proposta indecente
de demolir o Bolhão

No fim faremos banquetes
mas segurai os foguetes
agora é preciso acção

Com teimosia e revolta
se dará talvez a volta
a esta pouca vergonha

Mas cautela, ó ocupante,
urge ser perseverante
porque os gajos vendem ronha

Aqui estamos e estaremos
muitos embora pequenos
e não arredamos não

Contra a corja de bandidos
de vendilhões presumidos
que cobiçam o Bolhão

Quando na cova estivermos
passados alguns Invernos
os vindouros pensarão

Obrigado companheiros
porque fostes altaneiros
na defesa do Bolhão

Acaba a canção de rua
mas a luta continua
até gritarmos vitória

O Bolhão não vai morrer
se a malta não ceder
porque é nossa esta história.

(Para cantar com a modinha açoriana «Ponha aqui o seu pezinho»)

Regina Guimarães

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