"Saber esperar é uma grande virtude";
Foram recordados através de várias parábolas/histórias/escritos a questão do tempo de trabalho e do tempo livre ou supostamente livre.
As histórias:
1 – História real. O operário que ansiava por uma máquina nova que, supostamente, iria aliviar o seu trabalho, já que, com a existente, este era pesado e sujeito a avarias. Substituída a máquina por outra, mais moderna, o que aconteceu foi que o ritmo de trabalho, agora sem falhas, aumentou muito. A tecnologia, em vez de libertar, escravizou.
2 – História real. A família que anunciou às pessoas das suas relações que ia de férias e depois foi descoberta, por acaso, fechada em sua própria casa. Socialmente era "obrigada" a ir de férias.
3 – Cantiga popular. Foi recordada a existência de uma canção popular alentejana, o "Canto do Ceifeiro" (incluído num disco de Adriano Correia de Oliveira; não confundir com uma canção do mesmo título cantada por Francisco Fanhais), na qual está bem patente a percepção de tempo de exploração e do tempo livre. Os versos exprimem o desejo da chegada rápida da noite, ao mesmo tempo que se acusa o amo de querer que não se acabasse o dia.
Na conversa, para ilustrar a questão do papel da tecnologia, foi lembrado o significado da palavra "robot" que, em Russo significa "trabalhador".
Lembrada igualmente a ideia da Programação do Lazer, que não é nova e era utilizada nas ditaduras fascistas da Europa para "alegrar" os trabalhadores – Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT, antigo INATEL).
O tempo livre é hoje também tempo produtivo (indústria do lazer)
Foi levantada a questão: Será possível uma sociedade altamente mecanizada e automatizada, em que as máquinas nos substituam na maioria das tarefas, com tempo de lazer?
Foi dado o exemplo actual de uma fábrica têxtil no Minho, que foi reorganizada pelos trabalhadores em auto-gestão e em que os seus ritmos de trabalho diminuíram.
Por outro lado, ligando o tempo livre à fruição do espaço, foi visto que nas cidades actuais existe uma falta de ligação das pessoas aos locais em que habitam e às pessoas que moram perto de si.
Existe também pouca disponibilidade para a criação de grupos que possam organizar eventos de lazer. As pessoas não têm papéis de protagonistas no seu lazer, mas apenas de consumidores.
A mobilidade actual no emprego dificulta também a criação de laços de solidariedade entre os trabalhadores que possibilite a construção de projectos em comum.
A luta laboral não é hoje tão determinante como pode ter sido outrora.
Os sindicatos lutam apenas para manter um sistema de concertação social

Pistas:
Foram reunidas sugestões das pessoas intervenientes na conversa no sentido de arranjar alguma proposta de solução para alguma das questões ali colocadas, nenhuma sugestão foi deixada à margem nem discutida em pormenor. Algumas delas:
· Reivindicar menos trabalho;
· Criar em comum e na horizontal iniciativas autónomas de animação dos espaço de vivência quotidianos;
· Criar uma federação anarquista para reunião das lutas;
· Reivindicar mais espaço na cidade para os peões, por exemplo [ironia] andando com os braços abertos;
· Lutar contra os direitos de autor sobre ideias, conteúdos e cultura;
· Realizar seminário (ou convento, por sugestão de alguns [ironia] ) de intervenção em lutas sociais;
· Criar alternativas de trabalho cooperativo que escape às malhas do capitalismo (selvagem ou não).
· Utilizar mais a bicicleta.
Iniciativa proposta pelo Colectivo Hipátia para o "Marquês em Festa"
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